Teste de consumo com o Hyundai Inster, assim é sua autonomia real na estrada sem filtros

Quanto consome em ritmo real? Colocamos à prova o Hyundai Inster, o melhor elétrico de seu segmento

Os carros elétricos de pequeno porte são eminentemente urbanos. Isso significa que não é possível viajar com eles? Decidi fazer um teste exigente com um dos modelos mais interessantes do segmento, o Hyundai Inster. Quis saber o consumo real deste charmoso utilitário em uma viagem normal por rodovia já que será de interesse para quem pretende usá-lo como carro único no dia a dia e viajar nos fins de semana ou férias sem dramas.

O urbano coreano mede apenas 3,8 metros e pode ser escolhido com duas configurações de motor e bateria. Para este teste escolhi a opção mais recomendável que conta com 85 kW de potência (ou seja, 115 CV) e uma bateria de 49 kWh de capacidade. Ofereci informações detalhadas sobre suas qualidades neste teste.

Vamos ao que interessa. Com essa configuração, o Inster homologa uma autonomia de 360 km em ciclo combinado e 493 km na cidade. Uma autonomia muito interessante para seu tamanho, mas a pergunta aqui é: Na rodovia, em ritmo real, o que acontece? Os testes padronizados WLTP não fornecem um dado homologado de condução apenas por estrada, que seria interessante na hora de fazer uma viagem longa. Pois bem, isso é o que quis descobrir com este teste.

A intenção não foi buscar um recorde de eficiência, mas verificar que autonomia real e que consumo médio se obtém em uma viagem totalmente normal por rodovia com o carro como a maioria das pessoas o usaria. Ou seja, com todas as comodidades, em bom ritmo e com total despreocupação.

Buscando a autonomia real do Inster a 120 km/h

Repeti a mesma rota que usamos para o teste do Xpeng G6: saída dos carregadores do circuito do Jarama em San Sebastião dos Reis, percorrendo a A-1 subindo pelo porto de Somosierra, chegada ao ponto intermediário em Fuentespina logo antes de Aranda de Duero e volta ao Jarama. Ou seja: tudo por rodovia com o mesmo ponto de início e final para que a elevação líquida seja zero.

O percurso foi feito dirigindo na velocidade máxima permitida quando o tráfego permitia. O Inster propõe os modos de condução Eco, Normal, Sport e Snow e durante o trajeto selecionei o programa Normal, a proposta intermediária. No modo Eco talvez pudesse ter sido mais eficiente, mas queria viajar com um desempenho sem limitações.

Também é importante ressaltar que o climatizador sempre esteve ligado, algo que também repercute negativamente no consumo energético. A unidade de testes, com o acabamento Tecno, vem com bomba de calor de série. Esta versão também monta rodas de 17 polegadas com pneus Nexen N Fera Primus. Lembre-se de que os pneus também são decisivos na hora de conseguir bons registros de consumo.

Estabelecidas as condições, saí do ponto de partida no carregador do Jarama, com a bateria a 100%, em direção ao porto de Somosierra. Assim que comecei, o Inster já teve que enfrentar a parte mais difícil da rota, pois significava enfrentar uma elevação contrária de mais de 900 m.

A maior parte do tempo pude ir a 120 km/h, embora nesses primeiros quilômetros haja algumas áreas limitadas a 100 km/h, o túnel de Somosierra é limitado a 80 km/h, havia um curto trecho em obras limitado a 60 km/h e foi necessário diminuir a velocidade algumas vezes devido a caminhões se ultrapassando. As circunstâncias normais de uma viagem sem truques.

O modelo de zero emissões da Hyundai coronou o porto com um consumo médio de 23,2 kWh/100 km após 64 km de percurso. É um gasto notável, mas totalmente razoável dadas as condições exigentes. A partir deste ponto, iniciava-se a descida de Somosierra e, portanto, também deveria moderar o gasto elétrico.

Com pouco tráfego à frente, foi fácil manter a velocidade desejada de 120 km/h e chegar ao ponto intermediário. No total, 123 km com um consumo médio de 18,8 kWh/100 km. Um bom resultado para um carro do segmento A, reconheço que esperava um número maior.

O melhor é que ainda restava 53% da bateria, que segundo o computador de bordo dava para 171 km a mais. Poderia fazer a volta sem necessidade de fazer uma recarga intermediária se quisesse. Mas como era hora de comer, aproveitei o tempo para recarregar o carro a 100%.

O ponto de carga está na frente e aceita até 85 kW em CC e isso foi exatamente o que vi: uma fase de carga sustentada a 85 kW, alcançando 80% da bateria em menos de 15 minutos, até que a curva de carga começou a cair, como é normal em qualquer carro elétrico. A potência máxima do carregador a bordo pode parecer pouco, mas faz muito sentido: não é um carro pensado para uso intensivo em viagens e supõe-se que quase todas as suas recargas serão domésticas.

Com tudo pronto, voltei à estrada. As condições climáticas não iriam afetar o desempenho da bateria uma vez que não havia rajadas significativas de vento e a temperatura externa sempre esteve entre 19º e 30º. Digo isso porque as temperaturas extremas afetam a autonomia de qualquer carro elétrico e condicionariam o resultado.

Gostei de como o Hyundai Inster estava se saindo fora de seu ambiente. Em um longo trajeto por estrada viaja-se confortável. Na rodovia, nota-se um pouco de ruído aerodinâmico e de rolamento, algo normal em um carro deste segmento, embora nunca chegue a ser incômodo. Mostrou-se muito estável e firme, com sensação de carro grande.

Sobre o papel, as prestações do coreano deixam um registro de aceleração de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos e a velocidade máxima está limitada a 150 km/h. As sensações que percebi é que o empurrão dos 115 CV é suficiente para acelerar e manter uma velocidade alta na rodovia. Além disso, as aletas de regeneração ajudam a recuperar energia nas descidas.

A volta foi mais amena pelos trechos de descida na parte final, descendo do porto de Somosierra em direção a Madrid. O consumo foi diminuindo como era de se prever e tudo foi muito fluido até que cheguei à urbanização que dá acesso ao circuito do Jarama, onde estão os carregadores estabelecidos como destino.

Para entrar na urbanização há barreiras de controle, cheguei em hora de pico e aquilo estava colapsado. A apenas 700 m do final da rota, fiquei parado durante vários minutos no engarrafamento. Felizmente, embora tenha alongado o tempo do trajeto, não variou o consumo médio final.

Quanto gasta realmente o Hyundai Inster em viagem?

Cheguei ao destino com 61% da bateria restante e 200 km de estimativa de autonomia. O consumo médio homologado do Inster com nossa configuração é de 15,1 kWh/100 km em ciclo combinado. Em um percurso por rodovia deveria ser maior e efetivamente assim foi: os 246 km do percurso supuseram um consumo de 17,2 kWh/100 km.

Trata-se de um consumo muito bom levando em conta seu tamanho e enfoque urbano. Também, não se esqueça, tem mérito porque as condições não eram especialmente favoráveis. Com o modo de condução Eco, viajando a menos velocidade em algumas ocasiões ou limitando o uso do climatizador, poderia ter melhorado esse registro.

Até onde posso chegar sem carregar? O consumo que obtive implica que, com a bateria de 49 kWh de capacidade bruta (46 kWh líquidos), o urbano Hyundai Inster é capaz de conseguir 267 km de autonomia real na estrada sem se preocupar. Praticando uma condução decididamente eficiente, conseguiríamos alguns quilômetros a mais.

Para quem busca um urbano com a tranquilidade de poder sair no fim de semana sem se preocupar com cada quilômetro, o Inster com a bateria de 49 kWh me parece uma opção sensata. Sinceramente, para mim a melhor. É um utilitário elétrico que pode ser usado para viagens por rodovia sem que a experiência seja frustrante.

Não é um carro projetado para devorar rodovias, mas cumpre sobradamente. O Inster também surpreende por como aproveita o espaço em um envoltório pequeno. Tem um equipamento abundante, os assentos traseiros são ajustáveis longitudinalmente em 16 cm e o porta-malas tem uma capacidade de até 351 litros. É muito engenhoso e tremendamente prático. O que mais se pode pedir a um urbano elétrico?