Esta ideia da Stellantis é brilhante e além disso necessária, por que ninguém pensou nisso antes?
O gigante automotivo Stellantis registrou uma patente na Alemanha que promete melhorar de forma simples e eficaz a maneira de dirigir milhões de pessoas. Trata-se de uma transmissão manual evoluída que impede as trocas de marcha incorretas.

Uma patente recém registrada pela Stellantis promete revolucionar o último bastião da condução analógica: a mudança manual. A marca projetou um sistema que impede engatar a marcha errada, uma ajuda tão simples quanto engenhosa que permitiria prolongar a vida do motor, economizar combustível e facilitar o aprendizado dos motoristas menos virtuosos.
Um escudo contra o temido money shift
O documento, registrado na Alemanha, descreve uma caixa manual vigiada pela eletrônica do carro. Sensores de velocidade, posição do acelerador e marcha engatada alimentam um software que, em tempo real, bloqueia aquelas relações de mudança que possam danificar o motor ou afogá-lo.
Este sistema mantém o embreagem, a alavanca e o prazer de intervir, mas com uma rede invisível que evita os erros mais caros.
Você está indo rápido demais para reduzir para a terceira? A alavanca resistirá. Pretende sair de uma rotatória na quinta ou sexta marcha circulando a apenas 30 km/h? Também não deixará. Poderia até levar em conta se o veículo está fazendo uma curva para evitar desequilíbrios de carga.
Vantagens para motor, consumo e bolso
Poderia se pensar que não faz sentido ter uma mudança manual dirigida se já existe a mudança automática. No entanto, a solução da Stellantis pretende encontrar uma via alternativa sem 'roubar' do motorista todo o protagonismo.
O benefício mais evidente é mecânico: adeus a quebras e desgastes por um erro de coordenação. Uma má mudança pode disparar o regime de giro até o temido corte de injeção e encurtar a vida do propulsor.
Da mesma forma, o motorista pode ocasionar o contrário, já que circular habitualmente a um regime baixo não afoga e reduz a resposta do motor quando é necessário acelerar (saída de uma rotatória, ultrapassagem, subida, etc).
Embora isso não seja o pior, além disso propicia a acumulação da tão temida carbonilha que tantas avarias provoca nos veículos modernos. Inimiga pública número 1 da válvula EGR, o medidor de fluxo, o filtro de partículas e muitos outros elementos pensados para reduzir as emissões, mas que sofrem as consequências de uma má combustão devido a determinados hábitos de condução.
No que diz respeito ao consumo, ao impedir que o motor trabalhe a um regime ineficiente, o consumo também se manteria sob controle, mas sem prejudicar a confiabilidade do motor a longo prazo.
Finalmente, está a questão didática. Hoje em dia, uma grande maioria dos motoristas não entende corretamente como utilizar a mudança e qual marcha é a adequada para cada situação. Uma transmissão como a da Stellantis, se estiver bem configurada, também realizaria uma tarefa formativa.
Um manual com alma de automático?
Aqui surge a pergunta filosófica: se a eletrônica decide por você quais marchas estão disponíveis, continua sendo uma mudança manual 'pura'? Os defensores do pedal de embreagem adoram ter o controle absoluto, justo o que uma mudança automática cede ao conforto e à rapidez.

Este sistema da Stellantis se situa em um ponto intermediário: mantém o embreagem, a alavanca e o prazer de intervir, mas com uma rede invisível que evita os erros mais caros.
Em um mercado onde os automáticos reinam por sua suavidade e eficiência, esta patente não pretende competir com eles, mas proteger os irredutíveis do manual. Uma espécie de 'airbag mecânico' que poderia convencer aqueles que temem que uma distração arruine o motor.
E, de quebra, lembra que a tecnologia nem sempre está para tirar o sabor da condução: às vezes, apenas faz com que esse sabor seja mais seguro e duradouro.
Fuente: Carbuzz.com