Pere Navarro, diretor da DGT: “Levante o pé quando passar pelo radar e depois faça o que quiser”
O máximo responsável pelo Trânsito lança uma crítica aos motoristas que desrespeitam as normas. Defende os radares como ferramenta de segurança viária, ironiza sobre as críticas por afã arrecadatório e avisa: a informação está aí, quem é pego é «por bobo».

Na Direção Geral de Trânsito (DGT) estão acostumados às críticas, mas poucas vezes seu diretor se mostrou tão claro. Pere Navarro, entrevistado no programa Motor 5 da Rádio Nacional da Espanha (RNE), soltou uma frase que se espalhou como pólvora: «Que menos que levantar o pé quando passar por ali e depois, bem, faça o que quiser».
O comentário surgiu ao falar dos radares fixos, aqueles que, por lei, devem estar sinalizados com grandes placas. Navarro ironizou sobre aqueles que ignoram os avisos e acabam sendo pegos: «Às vezes dizemos que quem é pego é por bobo. Se você tem uma grande placa, pelo menos tenha a delicadeza de levá-la em conta», apontou sem se abalar.
«Dando tapinhas nas costas e dizendo às pessoas "comporte-se bem", sempre há algum que não faz caso»
Radares: nem truque nem papel
O excesso de velocidade continua sendo a infração mais punida pela DGT e uma das principais causas de acidentes fatais na Espanha. Para combatê-lo, a autoridade de trânsito despliega um autêntico exército tecnológico: radares fixos, móveis, de trecho, helicópteros (quando alguém cuida de sua manutenção), drones e até dispositivos em carros camuflados.
Navarro lembrou que a lei obriga apenas a avisar sobre os radares fixos e de trecho. Os móveis, por outro lado, podem ser instalados sem aviso prévio. O dirigente catalão também lembrou que são realizadas campanhas de conscientização, mas sempre há quem não faz caso. «Dando tapinhas nas costas e dizendo às pessoas "comporte-se bem", sempre há algum que não faz caso», acrescentou.
Recaudar vidas, não dinheiro
Cada novo radar desencadeia a mesma crítica: afã arrecadatório. O diretor da DGT lida com isso com ironia: «Aceitamos com resignação cristã é sua resposta à crítica recorrente sempre que se adota uma medida desse tipo. Para Navarro, os números falam por si só: nos trechos vigiados por radares, a sinistralidade diminui.
Os radares móveis, aqueles que ninguém avisa, também não são colocados ao acaso. «Existe uma metodologia pública para decidir onde são instalados, está no site da DGT», sublinhou. E adiantou que sua aposta são os radares de trecho, que calculam a velocidade média em vários quilômetros: «Em um ponto qualquer pode haver um excesso, mas em um trecho de três quilômetros a questão já tem mais substância, argumentou.

O último aviso
A mensagem de Pere Navarro não pode ser mais direta: a DGT não joga de esconde-esconde. As placas estão lá, a metodologia é pública e os radares cumprem sua função. Se um motorista decide pisar no acelerador, a culpa não é do sistema.
Seu frase resume a filosofia do Trânsito: «Levante o pé quando passar pelo radar e depois faça o que quiser». Um toque de desafio para lembrar que as normas estão para serem cumpridas… e que quem as ignora, no final, só pode se culpar a si mesmo.
Então, já sabe, se você receber uma multa de trânsito por excesso de velocidade, saiba que o diretor da DGT acha que você não tem dois dedos de testa. Infelizmente, a inteligência do máximo responsável pelo Trânsito na Espanha também não é suficiente para reduzir os números de sinistralidade nem nos proporcionar estradas em melhor estado.
Fuente: El Economista | RNEFotos: X