Supercars Endurance Valência 2025: Nerea Martí e De Los Milagros, vitória de raça

No caso do Supercars Endurance, chegava a Cheste para a quarta rodada da temporada, pontuável tanto para o Iberian Supercars quanto para o Supercars Espanha. E chegava com o grid cheio: nada menos que 45 carros na pista para as duas corridas de 50 minutos a serem disputadas no domingo.

Os GT4, com modelos como os Mercedes AMG GT4, os McLaren Artura ou 570S GT4, Aston Martin Vantage GT4, numerosos Porsche, Toyota Supra, BMW, mas também Ligier ou Ginetta, ofereciam uma variada gama de modelos na pista. Em GT4Pro, chegavam líderes Roberto Faria e Mathieu Martins com seu Aston Martin Vantage AMR GT4 com 3 pontos de vantagem sobre Francisco Mora e Francisco Abreu e seu Toyota GR Supra GT4 EVO2 e 4 sobre César Machado, também com um Supra.

Mas junto aos modernos GT, também iriam competir na pista carros clássicos. Por um lado, a categoria Historic Endurance, com modelos como os Ford GT40 ou os Alfa Romeo GTA, Ford Mustang ou Porsche 911. A eles se somavam duas categorias de turismo, tanto dos anos setenta, como outra específica dos anos oitenta.

E saindo do conceito de GT e turismo, mas dando uma bonita nota de cor, estava a Single Seaters Series, um conceito que reunia monolugares de promoção como os Tatuus, Mygale ou Van Diemmen, trazendo de volta à pista aqueles Fórmulas que não faz muito serviam como escada de acesso ao caminho da Fórmula 1. Especialmente chamativos eram um Merlyn dos anos sessenta e um Chevron dos anos setenta.

Com isso, e embora o prato principal fosse a Supercar Endurance, o ambiente que pairou -sonora e olfativamente- no Ricardo Tormo foi de corridas do passado, com um total de dez corridas durante o fim de semana, das quais oito levavam ao passado, em um grande conceito de junção por parte dos organizadores, Race Ready.

Sábado

Após uma sexta-feira dedicada aos treinos livres, o sábado começou ainda com uma última prática para os Supercars, mas o dia se concentrou nas classificações das diferentes categorias. Um dia de muito calor, mas com a presença de uma persistente camada de nuvens.

Os GT da Supercar Endurance celebraram suas duas sessões de classificação por cada categoria a partir das 15 horas. Em GT4, a primeira classificação viu Francisco Mora, com o Toyota GR Supra GT4 EVO2, voar para a pole position, batendo Roberto Faria por apenas 0,077s com o Aston Martin Vantage AMR GT4 da Racar Motorsport, em um duelo entre dois candidatos declarados ao título. Por sua vez, Nerea Martí colocava seu BMW na décima posição.

Na segunda rodada, seria o novato Karel Staut, com apenas 14 anos, quem assinou a volta mais rápida com o Toyota Supra, superando por quatro décimos seu rival de GT4 Pro-Bronze, Filip Vava, com o Mercedes-AMG. Os líderes do certame estavam em terceiro graças a Martins, enquanto seus perseguidores sairiam em sexto com o tempo de Abreu. José Manuel de los Milagros, companheiro de Nerea Martí, se classificava em décimo terceiro. Em GTC, as poles foram para Henrique Oliveira em um BMW M4 e para Marcus Fothergill em um Porsche 911 Cup.

Na Historic Endurance, com um grid nutrido de trinta carros, a primeira linha foi dominada pelos Ford GT40 –réplica ambos, mas igualmente maravilhosos-, a dupla Paulo Lima-Jordi Puig na pole com 1’1 segundos sobre Olivier Muytjens-Brice Pineau. Às 17 horas, encerrariam o dia com sua primeira corrida, na qual ambos terminaram nas mesmas posições, apesar de que Muytjens e Pineau tiveram que se recuperar após uma má largada.

Entre os muitos carros a serem destacados nesta categoria, chamava a atenção o precioso, baixo e pequeno Lotus 23B de Xavier Rascagneres e Jérôme Peyrat, que classificaram em décimo quarto e terminaram na décima oitava posição. Também o Jaguar E-Type Lightweight de Timothy Mahapatra chamava a atenção, terminando em décimo terceiro na corrida.

No que diz respeito aos Single Seaters, a pole e a vitória foram para Fernando Mayer Gaspar em seu Tatuus FR2000, notando-se a superioridade desses modelos que dominaram o pódio com Duarte Pires e André Pardal. Mas a atenção estava voltada para o Merlyn Mk 17 de Alberto e Tomaz Velez-Grillo, que terminaram em oitavo e último. O pequeno Fórmula Ford de 1969 pintado com a pintura dos BRM da F1 da época era uma delícia.

Igualmente, o Chevron B47 de Carlos Antunes Tavares –sim, o que até 2024 foi CEO do Grupo Stellantis- era uma peça digna de admirar, que o empresário levou com muita destreza e bom ritmo até a quarta posição final na corrida.

Domingo

O sol fez presença plena no domingo para os 5.000 espectadores que compareceram para desfrutar das corridas de todas as categorias, que começaram às 9 da manhã com os turismos clássicos.

O primeiro prato forte foi às 11:05 para a primeira corrida dos Supercars. Impressionava ver os 45 carros no grid de largada, e depois já na corrida ocupando toda a reta de chegada. Francisco Mora arrancou de forma fulgurante e liderou a corrida no primeiro stint, mas começaram a ocorrer numerosos carros de segurança, o que levou a que quem adiantou a estratégia, saísse em parte beneficiado.

Dessa forma, após as paradas, a liderança era de Alexandre Areia e Nuno Afonso com seu Toyota GR Supra GT4 EVO2, que gerenciaram a corrida desde então para conseguir uma grande vitória à frente da dupla formada por Andrius Zemaitis e Karel Staut em outro Supra, e com Bruno Pires e Mark Kastelic completando o pódio com seu Mercedes-AMG GT4.

Por sua vez, a dupla formada por Nerea Martí e José Manuel de los Milagros, conseguiu terminar na décima primeira posição, em uma corrida muito quebrada em termos de ritmo por períodos de neutralização.

Por sua vez, a segunda corrida do Historic Endurance padeceu de numerosas baixas no grid, como a do vencedor no sábado. Na verdade, o Porsche 911 3.0 RS de Carlos Brizido e Miguel Lobo dominaram boa parte da prova. Mas também houve vários carros de segurança,

Isso foi aproveitado pelo Ford GT40 de Olivier Muytjens e Brice Pineau para ir subindo na classificação após um mau início, até o ponto de alcançar o Porsche, superá-lo na pista, e conseguir a vitória. O precioso Lotus Elan de Jeremy Clark completou o pódio final.

No que diz respeito aos Single Seaters, a vitória foi desta vez para Duarte Pires seguido de André Parda, com Fernando Mayer Gaspar em terceiro lugar, todos com os Tatuus FR2000. Carlos Tavares foi novamente um bom quarto, enquanto o Merlyn teve que abandonar por problemas mecânicos.

Finalmente, às 16:05, a segunda corrida dos Supercars estava pronta para começar, com um forte calor, mas também muito apoio para a valenciana Nerea Martí, que partia da décima terceira posição, com De Los Milagros tomando a saída. No início, Karel Staut manteve a primeira posição, e o faria por muitas voltas.

Por sua vez, De Los Milagros subiu para a oitava posição, enquanto um primeiro incidente provocava o primeiro –de vários- carros de segurança. Após relançar a corrida, Staut seguia líder, mas o piloto espanhol de BMW continuava a ascensão até chegar ao quinto lugar.

Mais carros de segurança provocaram que a corrida fosse muito estratégica. E quando Nerea Martí subiu ao BMW, a luta era com César Machado e Adrián Ferrer. A valenciana tomou a liderança, e se manteve firme em sua posição até a chegada, para explosão de júbilo do público e de sua equipe. Mathieu Martins e Roberto Faria completaram o pódio.

Após a corrida, Nerea Martí estava logicamente exultante: «Estou muito feliz com o fim de semana. Foi uma corrida super disputada, saímos na décima terceira posição, José recuperou muitas posições no início, executamos uma estratégia impecável e eu finalizei. Senti o apoio de todos que vieram hoje me ver, é incrível ganhar em casa.»

Esta vitória alimenta as opções de título na vertente espanhola do certame para a dupla. O campeonato agora se dirige ao circuito de Jerez para a penúltima prova da temporada.

Fotos: Motor.es / José Miguel Vinuesa