“Honda tem boa memória”, preveem tensões com Alonso na Aston Martin

Uma das principais razões que levaram Fernando Alonso a voltar para a McLaren após aquele traumático 2007 para o piloto espanhol foi a Honda. Amante da cultura japonesa e conhecedor dos sucessos da marca na Fórmula 1, o asturiano viu no projeto McLaren-Honda uma alternativa perfeita ao período esgotado com a Ferrari.

No entanto, Honda demonstrou muito cedo o quanto havia subestimado as complexas unidades de potência híbridas que um ano antes de seu retorno haviam começado a funcionar na categoria rainha.

«Sei como são os japoneses e como funcionam, e não acho que haja muito amor neste momento»

Enquanto seus rivais tiveram alguns anos para se preparar e também uma temporada completa de competição, os japoneses chegaram em 2015 com um propulsor sem potência, sem confiabilidade e sem driveability, o termo anglosaxão utilizado para definir a manejabilidade (entrega de potência progressiva, frenagem regenerativa pouco intrusiva, etc.).

Após quase uma década de perseguição estéril ao terceiro título mundial, aqueles três anos de penitência na McLaren-Honda tiraram o pior de Fernando Alonso, que chegou a afirmar que todos na equipe estavam prontos para vencer, exceto os japoneses. Ou aquele famoso «GP2 engine» que gritou ao mundo na casa da Honda, em Suzuka.

Enfrentando a moral e a honra nipônica que, na opinião de muitos, ainda perdura nos integrantes da atual Honda, a bem-sucedida que dominou o mundo junto à Red Bull e que agora se prepara para o início de uma nova era junto à Aston Martin.

Honda não esqueceu

Ralf Schumacher é um dos muitos membros do paddock que prevê fricções entre Honda e Fernando Alonso. O ex-piloto alemão, agora comentarista e analista para a Sky Sports Alemanha, afirma que sua experiência com fabricantes japoneses como a própria Honda e Toyota lhe permite afirmar que o rancor é uma das qualidades nipônicas.

«Tive a oportunidade de trabalhar com dois fabricantes japoneses e aprendi uma coisa: eles têm muita memória», afirma o ex-piloto da Jordan-Mugen Honda e da equipe oficial da Toyota, entre outros.

«Não acho que as coisas fossem assim naquela época, quando a McLaren e Fernando Alonso, em particular, ainda estavam em seu auge, quando ele não era precisamente conhecido como o jogador de equipe com o caráter amável que agora retrata, ou que obviamente é agora», acrescenta Ralf Schumacher.

O irmão mais novo de Michael Schumacher afirma que «a Honda tomou nota disso, e persistem alguns preconceitos, estou bastante seguro disso. Talvez isso possa ser resolvido com o tempo, mas sei como são os japoneses e como funcionam, e não acho que haja muito amor neste momento».

Honda quer Verstappen

Quando o acordo entre Honda e Aston Martin foi oficializado, tanto os nipônicos quanto Fernando Alonso se certificarão de criar uma narrativa adequada para um reencontro amistoso e positivo.

No entanto, a Honda sempre fez isso de forma modesta e simplesmente correta, em um tom muito diferente do que persistentemente utiliza para declarar publicamente seu desejo de voltar a trabalhar com Max Verstappen no futuro.

É um fato que Honda e Fernando Alonso terão que trabalhar juntos em 2026, precisamente o primeiro ano do novo regulamento e quando mais colaboração será necessária entre ambas as partes. O que acontecer a partir de 2027 dependerá de vários fatores. Um, que Alonso queira continuar na F1; dois, que Verstappen decida deixar a Red Bull; três, que a Aston Martin vença o leilão à Mercedes.

Fuente: F1oversteer.com