Ser estreante na F1 e ter que ‘bater-se’ com Alonso em cada GP: “Aprendo muito com suas masterclasses”
Desde que Sauber e Aston Martin melhoraram seu desempenho, tornaram-se rivais habituais por pontos. Dois de seus pilotos já tiveram vários duelos: Gabriel Bortoleto e Fernando Alonso. O brasileiro falou sobre isso.

Sobre o papel, Aston Martin e Sauber não deveriam ser rivais este ano, portanto não era provável que Fernando Alonso e Gabriel Bortoleto se encontrassem frequentemente na pista. De fato, no caso de ambas as equipes apresentarem um desempenho similar, era de se esperar que fosse Nico Hülkenberg quem se medisse com o asturiano com frequência.
No entanto, as coisas estão acontecendo de outra forma, uma muito benéfica para um estreante como Bortoleto. Tanto Sauber quanto Aston Martin começaram a temporada em muito baixa forma, mas ambas as equipes melhoraram e se colocaram em condições de lutar por pontos quase todo fim de semana.
Além disso, o brasileiro está surpreendendo positivamente e, nas últimas corridas, se tornou a ponta de lança de Sauber. E, portanto, no principal rival de Fernando Alonso.
«Não é um vilão, tem bom coração e ajuda muita gente… como fez comigo»
Alonso, o melhor mentor possível
Acontece que Fernando Alonso é também a cara visível da A14 Management, a empresa de representação que tem guiado Gabriel Bortoleto na escada da competição nos últimos anos.
Portanto, a relação entre ambos é também pessoal e isso permite ao paulista aprofundar ainda mais nos conhecimentos do bicampeão do mundo de Fórmula 1.
«Não somente foi quem me ajudou a conseguir o contrato na Fórmula 1, também trabalhou muito para me dar um contrato na F3, em uma grande equipe, me ensinou muito naquela temporada e depois na de F2», afirma Bortoleto ao ser perguntado sobre a influência de Alonso em sua trajetória profissional.
«Não sei se as teria ganho sem seus ensinamentos… nem se teria este lugar na Fórmula 1. Não acho que estaria aqui sem ele», acrescenta, fazendo referência também à sua etapa como piloto júnior da McLaren. «Brown [CEO da McLaren Racing] veio até nós para nos fazer uma oferta e foi ele quem negociou e falou várias vezes com Zak, pressionando por muitas coisas. Esteve muito envolvido nisso».
«É manager e amigo, não chefe. Fazemos coisas juntos, mas meus chefes são Binotto e Wheatley», pontua Bortoleto. «Fernando tem tanta experiência, tanto conhecimento deste mundo… me ajudou em um monte de coisas tanto dentro quanto fora da pista. Me ajudou a entrar na F1, pressionando a Sauber… temos uma relação de respeito mútuo».
Duelo de valor inestimável na pista
Este ano, Bortoleto teve que enfrentar diretamente Alonso em várias ocasiões. Áustria, Budapeste ou Monza foram algumas delas, e em todas recebeu valiosas lições para o futuro.
«É divertido, mas duro. É um piloto genial», resume de início. «Tem muitos truques, alguns não sei como ele faz. É muito aberto em muitas coisas, mas outros… talvez até que não se retire não me dirá. Aprendi muito em Budapeste com sua masterclass sobre como conservar pneus no início e apertar mais no meio e no final».
Na Áustria e Monza, Bortoleto também experimentou em primeira pessoa o uso que Fernando Alonso faz do DRS de seus rivais para manter o ritmo em circuitos onde a baixa velocidade máxima do Aston Martin é um grande problema. Tudo muito valioso para o promissor futuro que Bortoleto tem pela frente.
Verstappen também atua como professor
Gabriel Bortoleto também tem em Max Verstappen um grande aliado, já que são bons amigos e compartilham hobbies como o Simracing.
«Sou embaixador de sua equipe de Simracing, o Team RedLine desde 2023, embora o conheça desde 2017, quando estava no karting e tirei a primeira foto com ele», explica o brasileiro. «Ele me ajudou muito durante anos, desde a F3, fazendo simulação juntos. Pratiquei muito com ele e os caras de sua equipe, são muito inteligentes e te surpreendem por seu talento».
Isso permite a Bortoleto conhecer o Verstappen mais próximo, em ambientes mais privados. «Como se mostra nas câmeras, assim também é fora. Embora as pessoas não costumem ver seu lado bom. Não é um vilão, tem bom coração e ajuda muita gente… como fez comigo».

Audi ganhará, mas levará tempo
Já em um plano estritamente pessoal, Gabriel Bortoleto tem diante de si um projeto tremendamente ambicioso, mas também complexo: o de Audi na Fórmula 1.
A temporada que vem, Sauber passará a ser a equipe oficial da marca germânica, portanto a exigência crescerá. E Bortoleto não duvida de que as vitórias chegarão, embora demorem a fazê-lo.
«Eles ganharam, literalmente, em todos os projetos em que se envolveram no esporte a motor. O objetivo aqui não será diferente, embora levará tempo, não será um caminho curto. Há muitas coisas a colocar em seu lugar… mas com certeza conseguiremos grandes coisas», assegura o brasileiro.
«Ganhar no primeiro ano… não espero. Entendo as expectativas porque é uma grande marca. A Audi não se juntou à F1 para estar no meio do grid, eles fizeram isso para ganhar, mas não há um timing», prossegue. «Há grandes equipes no grid, que trabalharam muito tempo aqui. Não podemos pensar que a Audi vai chegar e vai vencê-los já no primeiro ano, também há pessoas muito boas nas outras equipes e vencê-los levará tempo».
De qualquer forma, com apenas 20 anos, se há algo que Gabriel Bortoleto tem é tempo. E também os dois melhores mentores possíveis.
Fuente: Formula1.comFotos: David Moreno / Motor.es